The world on FIRE…
Evito colocar títulos de posts em inglês mas esse aqui eu realmente não consegui uma adaptação melhor, então antes de mais nada para quem não participa do movimento FIRE pode ler mais a respeito do significado dessa palavra AQUI, mas basicamente é a sigla em inglês para Financial Independence Retire Early ou Independência Financeira e Aposentadoria Antecipada. FIRE também quer dizer fogo em inglês e por isso o título “The world on FIRE…” ou “O Mundo em Chamas”.
Já parou para pensar se o mundo estive em chamas? Não, não estou me referindo ao final dos tempos segundo o apocalipse mas sim se todo mundo fosse FIRE… ou seja, ninguém mais precisasse trabalhar por dinheiro e sim somente por prazer. Nada de acordar cedo com aquele desanimo de quem precisa pegar no batente com o único propósito de pagar as contas no final do mês, logo de cara já posso afirmar que ninguém acordaria de mau humor. As escolhas profissionais seriam feitas por afinidade e paixão, aquela velha máxima “trabalhe no que você ama e nunca terás que trabalhar um único dia em sua vida” talvez finalmente fizesse sentido.
Mas entre tantos aspectos dessa ideia utópica eu gostaria de discutir a respeito de um que me incomoda já faz muito tempo, o de que em um mundo onde todos fossem independentes financeiramente eu aposto que absolutamente ninguém aceitaria trabalhar para uma empresa que não fosse alinhada com seus valores pessoais. Quantas vezes você já aceitou um emprego somente pelo dinheiro e não acreditava nem um pouco na “missão” daquela empresa? Cito casos extremos como o de uma pessoa cheia de consciência ecológica mas que por dinheiro trabalha em uma empresa que destrói o meio ambiente, ou um advogado que apesar de ser uma pessoa justa em sua vida pessoal trabalha por dinheiro para uma grande empresa de seguros onde o único objetivo é achar brechas na lei para que seguros não sejam pagos à quem por direto deveria receber o prêmio.
Pude observar esse tipo de antagonismos bem de perto quando a muito tempo atrás meu pai trabalhava como engenheiro em uma empresa bélica brasileira, era nítido o desconforto dele pois mesmo sendo uma boa pessoa era obrigado a criar máquinas que iriam ser usadas para tirar vidas, minha mãe chamava o salário dele de “dinheiro amaldiçoado”. Meu caso é menos extremo mas trabalho em uma empresa que praticamente explora trabalho escravo, você pode achar que estou exagerando mas a escravidão moderna toma muitas formas nos dias atuais e mesmo não parecendo é sim escravidão.
Estou trabalhando em um país onde sindicatos, greves ou qualquer tipo de movimento associativo são proibidos por lei tendo como consequências prisão e posterior deportação. Só daí já é possível notar que existe algo de errado nesse sistema, mas apesar de eu não me sentir como um escravo vejo ao meu redor trabalhadores menos privilegiados sendo explorados, discriminados e sofrendo todos os tipos de abusos. Tudo isso me faz sentir um enorme remorso ao estar me vendendo por dinheiro e contribuindo para que esse tipo de gente continue fazendo rios de dinheiro com base em um sistema trabalhista quase que medieval. No meu caso assim como acontece com o restante dos trabalhadores daqui, só posso deixar o país com autorização prévia do meu empregador, se isso não é trabalho escravo eu não sei oque seria? Entendo que um país possa restringir a saída de uma pessoa por transgredir as leis locais, mas dar o poder de polícia a um empregador tem o objetivo claro de forçar o empregado a permanecer no país mesmo contra sua vontade até que um substituto possa ser encontrado.
Em um mundo FIRE empresas desse tipo não “se criariam” por falta de funcionários, o mesmo aconteceria com empresas bélicas ou qualquer outra que se mostrasse pouco preocupada com o bem comum. Para quem assistiu na Netflix “Dinheiro Sujo” sabe que a maioria absoluta das empresas está apenas preocupada em ganhar dinheiro custe oque custar, para isso usam todos os tipos de artimanhas e brechas nas leis. Porém mesmo depois de desmascaradas continuam a contar com mão de obra suficiente para se manterem no mercado uma vez que todos nós precisamos de dinheiro para viver, em um mundo FIRE elas já estariam com as portas fechadas faz tempo.
Infelizmente não passa de utopia imaginar um “mundo em chamas”, mas quando atingir a IF vou tirar um peso enorme das costas só por saber que não precisarei mais me submeter às vontades de empresas que vão contra meus valores pessoais, estou cansado de participar desse “jogo”. Sei que é hipocrisia dizer isso só agora mas assim é o jogo para deixar a corrida dos ratos, eles nos prendem e sem perceberem cavamos um túnel para um dia fugirmos dessa corrida insana.
SrIF365
Já parou para pensar se o mundo estive em chamas? Não, não estou me referindo ao final dos tempos segundo o apocalipse mas sim se todo mundo fosse FIRE… ou seja, ninguém mais precisasse trabalhar por dinheiro e sim somente por prazer. Nada de acordar cedo com aquele desanimo de quem precisa pegar no batente com o único propósito de pagar as contas no final do mês, logo de cara já posso afirmar que ninguém acordaria de mau humor. As escolhas profissionais seriam feitas por afinidade e paixão, aquela velha máxima “trabalhe no que você ama e nunca terás que trabalhar um único dia em sua vida” talvez finalmente fizesse sentido.
Mas entre tantos aspectos dessa ideia utópica eu gostaria de discutir a respeito de um que me incomoda já faz muito tempo, o de que em um mundo onde todos fossem independentes financeiramente eu aposto que absolutamente ninguém aceitaria trabalhar para uma empresa que não fosse alinhada com seus valores pessoais. Quantas vezes você já aceitou um emprego somente pelo dinheiro e não acreditava nem um pouco na “missão” daquela empresa? Cito casos extremos como o de uma pessoa cheia de consciência ecológica mas que por dinheiro trabalha em uma empresa que destrói o meio ambiente, ou um advogado que apesar de ser uma pessoa justa em sua vida pessoal trabalha por dinheiro para uma grande empresa de seguros onde o único objetivo é achar brechas na lei para que seguros não sejam pagos à quem por direto deveria receber o prêmio.
Pude observar esse tipo de antagonismos bem de perto quando a muito tempo atrás meu pai trabalhava como engenheiro em uma empresa bélica brasileira, era nítido o desconforto dele pois mesmo sendo uma boa pessoa era obrigado a criar máquinas que iriam ser usadas para tirar vidas, minha mãe chamava o salário dele de “dinheiro amaldiçoado”. Meu caso é menos extremo mas trabalho em uma empresa que praticamente explora trabalho escravo, você pode achar que estou exagerando mas a escravidão moderna toma muitas formas nos dias atuais e mesmo não parecendo é sim escravidão.
Estou trabalhando em um país onde sindicatos, greves ou qualquer tipo de movimento associativo são proibidos por lei tendo como consequências prisão e posterior deportação. Só daí já é possível notar que existe algo de errado nesse sistema, mas apesar de eu não me sentir como um escravo vejo ao meu redor trabalhadores menos privilegiados sendo explorados, discriminados e sofrendo todos os tipos de abusos. Tudo isso me faz sentir um enorme remorso ao estar me vendendo por dinheiro e contribuindo para que esse tipo de gente continue fazendo rios de dinheiro com base em um sistema trabalhista quase que medieval. No meu caso assim como acontece com o restante dos trabalhadores daqui, só posso deixar o país com autorização prévia do meu empregador, se isso não é trabalho escravo eu não sei oque seria? Entendo que um país possa restringir a saída de uma pessoa por transgredir as leis locais, mas dar o poder de polícia a um empregador tem o objetivo claro de forçar o empregado a permanecer no país mesmo contra sua vontade até que um substituto possa ser encontrado.
Em um mundo FIRE empresas desse tipo não “se criariam” por falta de funcionários, o mesmo aconteceria com empresas bélicas ou qualquer outra que se mostrasse pouco preocupada com o bem comum. Para quem assistiu na Netflix “Dinheiro Sujo” sabe que a maioria absoluta das empresas está apenas preocupada em ganhar dinheiro custe oque custar, para isso usam todos os tipos de artimanhas e brechas nas leis. Porém mesmo depois de desmascaradas continuam a contar com mão de obra suficiente para se manterem no mercado uma vez que todos nós precisamos de dinheiro para viver, em um mundo FIRE elas já estariam com as portas fechadas faz tempo.
Infelizmente não passa de utopia imaginar um “mundo em chamas”, mas quando atingir a IF vou tirar um peso enorme das costas só por saber que não precisarei mais me submeter às vontades de empresas que vão contra meus valores pessoais, estou cansado de participar desse “jogo”. Sei que é hipocrisia dizer isso só agora mas assim é o jogo para deixar a corrida dos ratos, eles nos prendem e sem perceberem cavamos um túnel para um dia fugirmos dessa corrida insana.
SrIF365