Meu plano de morar em Bali está "morrendo na praia"...

   Alguns já devem ter notado meu silêncio nos últimos dias e de antemão peço desculpas por não ter nem respondido aos comentários dos dois posts anteriores, a verdade é que quando as coisas ficam ruins eu tenho a tendência de me isolar na minha “caverna” e refletir sobre o problema. Problemas que eu não saberia nem por onde começar mas que posso resumir em uma frase só “as coisas não estão saindo conforme planejado”, estou literalmente perdendo essa batalha inicial para estabelecer minha vida FIRE. Depois de tanto planejamento, pesquisa e muita idealização aqui estamos nós em Bali e nos sentido derrotados! Fomos pegos de surpresa tanto pelo lado financeiro como pelo lado psicológico…





   Depois de 2 meses fazendo uma viagem fantástica pelas estradas da Austrália e mesmo morando de forma precária pulando de Air BnB em Air BnB acabamos nos acostumando com o ritmo e curtindo cada cidade pelas quais passamos… até idas ao supermercado tornaram-se prazeirosas! Foi quando faltando 4 dias para terminar a viagem por uma coincidência (ou não) meu corpo “abriu o bico” e todos aqueles sintomas que eu tinha quando passava por um período estressante voltaram com força total, já fui diagnosticado antes com doença auto-imune e aceitei que será assim até o fim da minha vida. De qualquer forma parece até que eu sabia o que estava por vir. Embarcamos com destino à Bali anestesiados pela situação, nenhum dos dois queria deixar para trás a rotina que passamos a adorar… e logo na chegada em Bali a ficha caiu, o choque cultural de mudar-se do primeiro mundo para o terceiro mundo foi o tiro de misericórdia na nossa moral. As rua calmas das pequenas cidades australianas foram substituídas pela loucura causada pelas scooters que trafegam até na contra mão pelas ruas de Bali, aquela limpeza irretocável dos parques australianos foi substituída por lixo que se acumula em todo canto… ruas quebradas, sujeira, barulho, gente… MUITA GENTE por todo canto! Um verdadeiro inferno.


   Ao chegarmos na nossa acomodação revivi o filme do Cheap Hotel que descrevi no post “Daqui pra frente é ladeira abaixo...”, mesmo sendo um lugar provisório ainda sim passamos a viver um desconforto fudido… apesar de estarmos a poucos metros da praia o local é péssimo devido ao barulho e pouco espaço. A ideia era ficar por aqui enquanto procuramos algo mais definitivo, e assim o fizemos passando a procurar uma casa logo no primeiro dia. Antes de colocar o plano Bali para funcionar realizei inúmeras pesquisas na internet sobre o custo de vida por aqui, escrevi diversos posts sobre o assunto e a conclusão que eu tinha chegado até o dia de hoje é que com minha renda passiva seria possível viver como um rei por essas bandas praticando geo-arbitragem. Mas como diz o Porta do Fundo “Errou! Errou feio, errou rude!”, é verdade sim que com minha renda passiva seria possível viver como um rei, porém como “Rei do Lixo”. Basicamente meu orçamento de moradia por aqui era mil dólares, e quando começamos a pesquisar locais por esse valor descobrimos que com esse dinheiro é possível sim viver em uma bela casa com piscina só que no meio de uma vizinhança que mais parece uma favela e localizada a quilômetros de distância da praia. Subi o orçamento para 1500 dólares por mês e mesmo assim as opções continuam deixando a desejar, e mesmo que achemos algo nesse patamar com o dólar batendo 4 reais perdeu completamente o sentido vir morar aqui para economizar, ou seja a batalha da geo-arbitragem está perdida.





   No meio desse turbilhão estamos completamente perdidos e dormindo mal pensando em soluções para resolver essa enrascada em que eu nos coloquei, a Srta.IF até o momento tem sido muito parceira e uma princesa… sei que está sofrendo tanto quanto eu por morar em um lugar lixo mas até agora não reclamou. Passamos horas do dia analisando a situação e tentando entender oque está acontecendo e qual a raiz real do problema, seria apenas um choque inicial devido ao contraste que estamos vivendo? Poderia ser ainda a situação precária em que estamos morando… ou então Bali é um lixo mesmo! Mas como assim Sr.IF, você já não tinha visitado Bali diversas vezes? Como é possível que você não tenha notado tudo isso antes? Meu caro leitor, não sei se é porque eu estava cego ou simplesmente por estar de férias e frequentamos apenas lugares top, agora que não dá para morar em um belo resort caí na real que isso aqui é um lugar de grandes contrastes, enquanto os turistas se esbaldam em bons restaurantes e dormem em quartos confortáveis o restante da população vive como em qualquer outro país de terceiro mundo cercados pela bagunça, pobreza e sujeira. E eu aqui achei que seria possível viver como os locais de forma econômica porém confortavelmente, bem que o Futuramenterico comentou em um post anterior “é querer romantizar a pobreza”.


   No momento consideramos desde voltar ao Brasil e dar início ao plano de migração para Portugal até cometer o suicido financeiro e alugar um local que nos agrade por 2 mil dólares mensais. A grande questão é que não sabemos se estamos odiando Bali por estarmos hospedados em uma espelunca ou se simplesmente não gostamos do lugar, hoje a tarde iremos visitar uma casa que custaria 1900 dólares por mês e depois disso sentaremos para conversar. Caso optemos por alugar um lugar assim irei cair no velho ditado da Paula Pant “você pode ter qualquer coisa mas não pode ter tudo”, ou seja toda aquela grana que seria usada para viajar durante nossa estadia em Bali vai para o pagamento do aluguel. E olha que a casa não tem nada de espetacular, apenas é perto da praia e esperamos que seja localizada em um lugar mais silencioso da ilha. Já se decidirmos retornar ao Brasil terei que descomplicar um monte de coisa, a começar por cancelar meu plano de saúde aqui na indonésia e começar a ajeitar a papelada para a Srta.IF obter residência permanente no país.


   É muito difícil manter a cabeça no lugar quando a gente se encontra em uma situação desconfortável, por aqui tentamos passar a maior parte do tempo fora do “cubículo” e nos ocupando com coisas do dia a dia, mas até atividades que deveriam ser prazeirosas se tornaram desagradáveis como ter que ir tomar café da manhã fora todos os dias devido a falta de uma cozinha onde estamos hospedados. Resumindo mais uma vez a “síndrome do Cheap Hotel” me atacando, viver de forma precária é extremamente desanimador, ainda mais agora que a Srta.IF se juntou à mim e me sinto culpado por arrasta-la para esse turbilhão.
Caso a decisão seja de retornar ao Brasil meus planos serão de assim como um exército que perdeu uma batalha mas não a guerra, colocar ordem na casa e traçar novos planos. Uma vez que meus pais estão morando em Portugal tenho a opção de fazer um pequeno “house hacking” e morar sem pagar aluguel, obviamente vou ajuda-los com impostos e as contas da casa, mas teria a tranquilidade do poder repensar tudo com calma ao contrário do que terei que fazer hoje após vistoriar a casa que possivelmente alugaríamos. Enfim, a cabeça está à mil e nada tem saído como planejado… quanto penso em pagar 2 mil dólares de aluguel por uma casa com dois quartos em Bali meu estômago começa a revirar, mas quando me imagino tendo que retornar ao Brasil e todas as complicações que terei para resolver por lá meu estômago revira da mesma maneira. Resumindo, tem sido dias difíceis por aqui… muito difíceis. Só me dá uma tristeza em ter nadado, nadado e nadado para chegar até aqui e agora morrer na praia... (péssimo trocadilho por sinal).


Sr.IF