Os 3 medos de quem busca a Independência Financeira e Aposentadoria Antecipada (FIRE)...

   Apesar da independência financeira parecer para muitos um verdadeiro mar de rosas onde como em um passe de mágica não só todos os seus problemas irão acabar mas também nunca mais terá incertezas ou mesmo medos com relação ao seu futuro, o que acontece na prática é bem diferente. Em um dos posts da série mitos da independência financeira chamado “Seus problemas acabaram…” contei em detalhes como apesar da vida ter melhorado muito após eu ter me aposentado e passado à viver a IF ainda sim nem de longe me livrei de todos os problemas que afligem o meu cotidiano, mas hoje quero falar sobre três medos que me assombraram ao longo da minha jornada e que acredito sejam mais comuns do que se imagina. Cada um desses medos surgiu de forma inesperada conforme fui progredindo ao longo das três fases que marcaram minha caminhada em busca da independência financeira e aposentadoria antecipada (FIRE).

   O primeiro período foi obviamente quando eu não tinha dinheiro suficiente para poder largar tudo e viver a IF, o segundo período apesar de breve foi quando me dei conta que já era indepenadendente financeiramente e não dependia mais do emprego para viver porém ainda continuava trabalhando. Já o terceiro e último período é justamente o qual me encontro hoje, independente financeiramente e livre das amarras do trabalho. Cada uma dessas fases trouxe não só seus próprios desafios como também seus “fantasmas” que me mantiveram e as vezes ainda me mantem acordado durante a noite.





   A primeira fase em busca da independência financeira é aquela onde nos sacrificamos em nome da promessa de um futuro financeiro melhor, poupando e aportando cada centavo do nosso suado salário sonhamos com o dia que iremos poder colher os frutos de tamanha dedicação. Dependendo do planejamento de cada um será necessário mais ou menos esforços para conquistar os objetivos traçados porém uma coisa é certa, atingir a independência financeira é simples porém nunca é fácil! E é justamente aí que aparece de forma sorrateira o primeiro medo que aflige o aspirante à FIRE, sem percebermos começamos a nos perguntar “será que isso tudo realmente vale à pena?”. Esse é um dos maiores dilemas para quem decide se enveredar pelo caminho em busca da independência financeira, será que realmente vale a pena sacrificar o hoje por um amanhã melhor? E se eu morrer amanhã? A vida é uma só… essas e outras frases irão reforçar o medo fundamentado de que para alguns o amanhã realmente não irá chegar. Lidei de forma contínua com esse medo mesmo tendo a sorte de não precisar penalizar tanto assim meu presente em prol de um futuro financeiro melhor, então só posso imaginar que na cabeça de alguém que realmente esteja abrindo mão de forma extrema de viver o hoje para garantir o amanhã esse fantasma seja ainda maior e mais assustador. Confesso que não tenho uma solução para lidar com esse medo, tudo que fiz foi seguir em frente e acreditar que um dia meu esforço sería recompensado.


   A segunda fase foi para mim a mais curta de todas e talvez tenha durado pouco mais de um ano, mesmo assim talvez ela seja a mais assustadora de todas já que muitos se veem literalmente petrificados de medo a ponto de não conseguirem fazer a transição natural para a última fase. Estou falando de quando atingi minha independência financeira e foi a hora de respirar fundo, tomar coragem e largar o emprego. Pode parecer uma decisão fácil mas podemos comparar o ato de largar o emprego igual a retirada da rede de segurança que protege um trapezista de circo. O instinto de sobrevivência começa a literalmente gritar em seu ouvido e aparecem milhares de desculpar para que você não pule de cabeça na vida FIRE, lembro que ameacei diversas vezes largar o emprego mas foi preciso chegar no fundo do poço para que finalmente eu tomasse a sonhada e difícil decisão de pedir demissão. Se para mim que odiava o emprego foi extremamente assustador largar tudo, fico imaginando como é quase impossível para alguém que até gosta do que faz superar esse fantasma. Assim como na primeira fase dezenas de perguntas e incertezas irão povoar a sua mente, coisas do tipo “e se o dinheiro não for suficiente?”, “e se eu me arrepender?”, “será que ficarei internado?”, etc… como disse essa talvez seja a fase mais assustadoras de todas e muita gente que já é IF simplesmente não consegue superar esses medos.


   A última fase é a qual me encontro hoje e próximo de completar um ano desde que deixei meu emprego já deu para ter a noção que muitos dos medos da fase anterior que carreguei comigo desapareceram ao longo dos últimos meses, isso obviamente não acontece do dia para a noite mas sim conforme nos damos conta de que o plano realmente está dando certo! A partir do momento que você vê com os próprio olhos que a renda passiva é sim suficiente para levar uma vida tranquila ou então que apesar de todo o tempo livre que você tem em mãos ainda sim os dias parecem curtos, é aí que você relaxa e deixa a vida fluir. Porém mais uma vez de forma sorrateira um outro fantasma começa a incomodar, estou me referindo ao medo de perder tudo que foi conquistado com muito esforço. Querendo ou não seu patrimônio transformou-se no coração que te mantem vivo financeiramente, se por algum motivo ele parar de bater sua vida financeira morrerá! Confesso que esse é o grande medo que as vezes me acorda durante a noite, perguntas do tipo “e se o país virar uma Venezuela”, “e se tal fulano que até ontem estava preso voltar a ser presidente?”, “e se ventos solares destruírem todo sistema financeiro eletrônico que guarda meu patrimônio?”(rs). E por aí vai… assim como um empregado que depende do salário para viver morre de medo de perder o emprego, uma pessoa que é independente financeiramente teme perder sua fonte renda.


   Como podem ver a independência financeira nem de longe é um mar de tranquilidade, nossa mente humana infelizmente sempre irá criar fantasmas imaginários para nos atormentar. Confesso que alguns medos até possuem fundamentos, porém em sua grande maioria não passam de “histórias para assustar criancinhas”.


Sr.IF